sábado, 10 de novembro de 2012

7º Dia - Campos do Jordão-SP - Pinda-SP - Aparecida-SP

Assista o vídeo em complemento ao sexto e ao sétimo dia de jornada, descrito aqui no blog...

CAMPOS DO JORDÃO-SP - PINDA-SP - APARECIDA-SP
Distância = 72km
Terreno e dificuldade = Asfalto, dificuldade baixa, relevo íngreme em declive e plano até Aparecida. Trecho de muito perigo na rodovia e nos bairros de Pinda, com risco de assalto nos bairros de periferia.
Tempo de percurso = Aprox. 2:30h - Média de 6km/h


Me programei para acordar cedo e sair por volta das 7 horas no máximo de Campos do Jordão. Porém ao acordar, a chuva caía com certa força, o que dificultaria a pedalada. Resolvi esperar que ela melhorasse, e quando finalmente virou garoa, coloquei a capa corta chuva pela primeira vez e me despedi do pessoal da pousada.
Os peregrinos que estavam a pé haviam saído mesmo na chuva, portanto provavelmente eu os encontraria no caminho mais a frente.
Saída chuvosa de Campos e início do caminho pelo Circuito Gavião Gonzaga
Recebi várias opções de ida até Aparecida partindo da pousada em Campos, porém todas fora do caminho da fé, imediatamente descartadas. De fato só existe um caminho, que deve ser feito a pé, que é quando na saída da cidade de Campos, utiliza os 9km do circuito turístico  Gavião Gonzaga ( http://www.estacoesbrasileiras.com.br/gaviao-gonzaga/ ), uma estrada com belas paisagens e mirantes que desce até o início da serra de Campos.
Logo que alcancei a estrada do Gavião, a chuva parou. Tirei a capa e continuei no pedal, cruzando logo a frente com um dos peregrinos que estava sozinho no caminho e que eu tinha encontrado na pousada em Campos. Conversamos rapidamente e eu segui em frente.
Trilhos que ligam Campos a Pinda, através de trem turístico - Vista de um dos mirantes do circuito

Este trecho de serra é bem cheio de curvas e de certo perigo principalmente quando molhado, portanto desci com cuidado. Existem muitos belos mirantes e belas residências, algumas ruínas e também a antiga estação do Gavião Gonzaga no meio da serra.


Logo antes do encontro com a serra, na última vez em que se cruza a linha do trem neste trecho, os peregrinos que estão a pé devem seguir junto a linha (caminho da fé oficial sinalizado), mas os ciclistas tem que seguir pelo asfalto (sem sinalização), devido a dificuldade e impossibilidade de pedalar sobre as pedras dos trilhos. Este trecho em asfalto, que na verdade é a estrada mais comum de acesso a Campos, que liga a cidade até a Dutra e a Carvalho Pinto, não é o caminho da fé correto, sendo que são mais de 10km de descida e na chegada ao pé da serra, o caminho é retomado na rotatória de acesso a Pindamonhangaba.
Cruzando os trilhos pela ultima vez, a divisão entre os peregrinos a pé e de bicicleta
Após chegar na serra de Campos, passando os trilhos pela ultima vez como na foto acima, o caminho passa muito rápido. A descida da serra é muito legal, longa e muito rápida, cheguei a atingir 60km/h sem esforço! Peguei um dia bom, no meio da semana, com a estrada absolutamente vazia na descida, portanto podia andar no meio da pista (o que deve ser impossível nos finais de semana). Devido a velocidade, o trecho se torna um pouco perigoso.

Trecho plano na estrada até Pindamonhangaba
Chegando no pé da serra, quando a pista fica plana, peguei a rotatória sentido Pinda, onde a estrada continua plana e sem acostamento onde se possa pedalar, portanto oferecendo certo perigo e exigindo atenção dobrada.
Cruzei rios e pastos, e também a capela da foto acima, porém este trecho praticamente não tem fotos, justamente pelo fato de ser o mais feio do caminho.
Infelizmente a mudança do caminho para passagem por Pindamonhangaba não foi completa e bem feita. Faltam placas de sinalização, o caminho pelo meio da cidade é perigoso, e nesta estrada até a chegada, com muito risco e muitos relatos de assalto. Não tem absolutamente nenhuma indicação de pousada, de carimbo de credencial, nem nada... por sorte eu achei uma placa antiga e descobri onde carimbar, senão teria ido direto até Aparecida sem carimbo. 
Somente para ajuda, o local de carimbo mais fácil em Pinda, sem sair do caminho, é na pousada Fortaleza (pousada, restaurante e auto peças, carimba nos 3 lugares, preferência no restaurante) fica na rua Suiça, 1669. fone (12) 36422471, é logo antes da rodovia Abel Fabrício Dias.
Em Pinda, ninguém que fica no caminho (estabelecimentos, lojas, casas, etc) sequer conhece o caminho ou sabe dar alguma direção, portanto lá o peregrino fica a mercê de sua intuição e da sorte de achar alguma sinalização.
Existem várias estradas de terra que chegam até Aparecida, e que poderiam alterar o caminho, mas mesmo assim ele segue no asfalto sempre.











Trecho entre Pinda e Aparecida, placa de 10km em Roseira...
No trecho que sai da cidade de Pinda até Aparecida, o trecho final que deveria ser o mais bonito, é feito inteiramente no asfalto e infelizmente é horrível. O caminho segue paralelo a uma rodovia, passando pela extrema periferia da cidade, com risco de assalto e atropelamento, e sem sinalização. As setas estão presentes, mas nos km finais a estrada nem tem acostamento e tem buracos maiores que a própria estrada, difícil até de passar caminhando.
Destino Final!!!
Após uma tristeza e decepção do último trecho do caminho, finalmente ultrapassei a placa de 10km, e meu coração ficou disparado e mais leve! Senti um misto de emoção e tristeza por tudo ter acabado, pois a jornada foi maravilhosa, mas ao mesmo tempo felicidade por ter concluído tudo bem! O vídeo da chegada em Aparecida mostra um pouco do que concluí no caminho...
Na chegada em Aparecida, a entrada é pela avenida onde fica Porto Iguaçú, local de onde saem passeios de barco que levam até o local suposto onde a imagem foi encontrada no rio Paraíba do Sul.
Após alguns metros, a basílica já surge no horizonte e é possível ver sua cúpula e sua torre.
Entrei no estacionamento e segui direto para a secretaria providenciar o certificado, onde recebi os parabéns da simpática atendente. Como queria pegar o ônibus de volta mas não sabia o horário, segui para a rodoviária, e o ultimo seria logo, portanto sem tempo de ver uma missa.
Almocei e embarquei no ônibus, e assim o caminho terminou... mas a certeza de voltar está sempre presente, de mãos dadas com a saudade!!!
Eu com a credencial cheia e o certificado
Certificado
Credencial
A companheira fiel

Espero que tenham gostado do blog! Deixem suas dúvidas e sugestões! Comentem! Obrigado!

Eduardo

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

6º Dia - Luminosa-MG - Campista-SP - Campos do Jordão-SP

LUMINOSA-MG - CAMPISTA-SP
Distância = 17km
Terreno e dificuldade = Terra e asfalto no fim, dificuldade alta, relevo íngreme até o alto da serra, onde fica Campista, porém bastante sombra e água.
Tempo de percurso = Aprox. 3:30h - Média de 5km/h

Tomei um café da manhã bem tranquilo, com pão e café de coador, e uma banana pra dar energia. Preparei as tralhas e coloquei a armadura contra o frio, inclusive com um meião velho de futebol que eu pretendia jogar fora logo no primeiro dia, mas que acabei levando até o fim, devido a grande utilidade (cobria a calça sem deixar que raspasse na corrente e pedal).
Agradeci a hospitalidade e parti para o que não imaginava que pudesse ser...
Pronto pra sair no frio - Início da subida - Caminhos no caminho

Na saída da cidade, começa tudo tranquilo, descida e reta até a estrada de terra. Mas após apenas 2km, já se encontra o início da extrema subida da Luminosa.
Conforme a altimetria no gráfico do fim da página, a escalada é de aproximadamente 1000m de altitude, direto, em um caminho só, sem parada. E destes 17km que separam os distritos, pelo menos 10 se passa subindo e apenas subindo e depois subindo mais.
Depois de uns 4km cheguei a pousada da D. Inês, que fica no pé da serra. Ela estava preparando um café e me ofereceu, mas por ter tomado há pouco, aceitei apenas água.
Cheguei bem na hora que seu marido ia saindo pra trabalhar acompanhado de seu cão, e naturalmente, aproveitei a "carona" a pé para seguir por alguns metros conversando. O senhorzinho subia que nem um foguete, e chegou uma hora que ele tomou uma pinguela e um caminho de pedras nas fotos acima, que eu não consegui mais acompanhar. Me despedi e segui sozinho.
Luminosa lá embaixo, ficando para trás
A vista do alto da serra era fantástica, claro. Quanto mais longe ficava Luminosa, mais perto ficava meu destino, e a visão do vale no caminho recompensava o esforço.
Passei por um riacho, pelo bairro Quilombo, por algumas casinhas, mas sempre subindo. Entrei no meio de uma floresta de Eucaliptos, e quando eu pensava que a subida havia acabado, sempre havia uma surpresa depois da curva: mais subida! para ajudar nesta parte, muita pedras soltas e muitos escorregões, impossível pedalar em alguns trechos.
E eu pensava que tinha encarado subidas fortes antes, mas esta.... esta era A subida.
E depois de tanto aclive, cheguei a famosa pedra que "divide os estados", voltando pra SP definitivamente, e cruzando a marca de 100km restantes.
Na subida da serra, voltando definitivamente para SP - Finalmente 100km!!!
No final do bosque cheguei em uma estrada de asfalto, já mais plana, que chegaria até Campista. Me programei para almoçar na pousada Barão Montês, local do carimbo da credencial e também fortemente indicado pelo casal que me acompanhou até Estiva.
O acostamento, quando existente, era ruim, então pedalei na pista, tomando cuidado com os carros que passavam em alta velocidade, e após alguns km, finalmente cheguei em Campista.
Estrada para Campista e Pousada e Restaurante Barão Montês

CAMPISTA-SP - CAMPOS DO JORDÃO-SP
Distância = 21km
Terreno e dificuldade = Asfalto e Terra, dificuldade baixa, muita descida rápida pelo asfalto e um bonito trecho na terra.
Tempo de percurso = Aprox. 1:30h - Média de 15km/h

Pedi um almoço leve, com frango, arroz, feijão e salada, tudo muito bem feito e bem servido por sinal. Carimbei a credencial e fiquei conversando com o pessoal da pousada, que disseram que um grupo dormira ali e saiu cedo a caminho de Campos, mas estavam a pé. Eu os encontraria no caminho, chegando na pousada em Campos, horas depois.
Barão Montês e Pousada em Campos do jordão
Parti do restaurante já a toda velocidade, pois existe uma descida bem longa no asfalto, até a placa marrom na foto acima, onde o caminho segue a direita (dá pra ir pelo asfalto, mas não é o caminho correto, então, tome mais terra!). Peguei a estrada até Campos, que começa bem tranquila e pouco movimentada. Já mais próximo da cidade, passei por propriedades onde tem muitos cachorros soltos, e muitos correram atrás da bicicleta latindo, inclusive cachorros de raça e cachorros grandes!
O caminho nesta parte é sinalizado, mas com poucas setas e sinalização confusa em alguns locais. Tem poste com setas pra todo lado, de todas as cores, com pintura em cima das setas, etc... Mas dá pra acertar o caminho, nem que for na intuição.
Na chegada em Campos, o caminho é muito ruim e feio em muitos trechos, tem algumas descidas com pedras soltas, locais abandonados e ruas de terra com muito barro. Tem hora que nem parece caminho. Mas bem próximo da avenida no Capivari, tudo volta ao normal, exceto pela quantidade de veículos que é muito grande, até a chegada na pousada.
A pousada tem quartos coletivos e uma ótima estrutura, um dos poucos lugares também nos quais encontrei lembranças do caminho (comprei uma camiseta e um adesivo). Tem bebidas, porém a comida somente nos restaurantes próximos, dos quais Campos tem muitas opções de todos os preços.
Dentro da pousada não faz frio, o ambiente é muito aconchegante e a Bianca que toma conta é uma pessoa bem legal, apaixonada pelo caminho da fé.
Daqui até Aparecida são 72km, mas apesar da distância tem muita descida e o trecho é somente no asfalto para quem está de bike, dependendo de quanto tempo se parar para fotos e almoço, dá pra fazer em 5 horas tranquilo, portanto sobra tempo pra pegar o certificado, assistir a missa, etc.



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Paraisópolis-MG - Luminosa-MG


PARAISÓPOLIS-MG - LUMINOSA-MG
Distância = 24km
Terreno e dificuldade = Terra, dificuldade média-alta, relevo íngreme apenas na subida da serra antes da chegada a Luminosa. Bastante água no caminho, passando por um bonito vilarejo.
Tempo de percurso = Aprox. 3:00h - Média de 6km/h


Caminho plano na saída de Paraisópolis - Vale, montanhas e poeira a frente
Na saída de Paraisópolis, de barriga cheia e descansado, aproveitei para dar uma volta na praça e seguir o caminho. Este começa bem tranquilo, durante uns 10km é plano e com algumas descidas leves. Começam novamente os pastos e uma bela visão dos morros que ficam em volta.
Logo mais a frente, cheguei ao lado do ribeirão Cantagalo, que forma uma cachoeirinha de água limpa e gelada, que acompanha o caminho por um tempo, primeiro do lado direito e mais a frente do lado esquerdo, com uma cachoeira maior, já na subida próximo ao Cantagalo. Aproveitei para pegar água e continuei, pois o sol estava um pouco mais forte neste dia, fazendo um pouco de calor.
Após mais um tempo de pedalada, subindo a serra do Cantagalo ao lado do ribeirão homônimo, cheguei ao Bairro Cantagalo, parando para descanso no Bar do Natanael, onde fui muito bem atendido. 
Este bairro fica no alto da serra, com clima mais frio, próximo a muitas araucárias. 
Ribeirao Cantagalo - Cachoeira - Bairro Cantagalo - Divisa de Estados
Saindo do Cantagalo tem mais uma subida rápida e depois começa a descida até Luminosa, que fica em vale, no pé da serra da Luminosa. Este trecho é bem interessante pois lá no começo cruzei a divisa com o estado de SP e agora depois do bairro Cantagalo, na placa acima mais ou menos, voltei para MG.


Do alto da serra é possível ver a cidade de Luminosa e também a temida serra! Dá pra ver inclusive um observatório que fica no alto da serra, em um dos picos.
A cidade de Luminosa, que hoje na verdade é um distrito de Brazópolis, antes pertencia a SP e se chamava Candelária devido a quantidade destas árvores em seu território. Mas quando passou a pertencer a MG, foi renomeada para Luminosa. ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Braz%C3%B3polis )
Chegando na cidade antes das 16 horas, fui logo atrás da pousada da D. Ditinha, na qual fui muito bem recebido e achei uma das melhores do caminho, contando com boa estrutura e até computador com internet para falar com os parentes e amigos, ou postar e baixar fotos.
A comida da pousada é excelente e o bar que fica sob ela é bom para bater um papo com os trabalhadores e moradores da região no fim do dia.
Fui providenciar uma calça de moletom, pois estava apenas com uma de tactel molhada e suja, e outra que iria sujar na próxima etapa até Campos. O frio na serra e em Campos do Jordão com certeza seria duro, pois em Luminosa já estava assim. Aproveitei para lavar as roupas e tentar fazê-las secar até o inicio da noite, tarefa difícil, mas quase consegui.


5º Dia - Estiva-MG - Consolação-MG - Paraisópolis-MG

Assista o vídeo em complemento ao quinto dia de jornada, descrito aqui no blog...

ESTIVA-MG - CONSOLAÇÃO-MG
Distância = 20km
Terreno e dificuldade = Terra, dificuldade média-alta, relevo íngreme até o alto da serra, porém bastante sombra e água. Existem trechos da serra que são calçados tamanha a inclinação e dificuldade do terreno. Tempo de percurso = Aprox. 3:00h - Média de 6km/h


No dia anterior, eu havia combinado com o casal de acordar as 6h e sair pra pedalar. Acontece que as 6 em ponto, o Paulo me avisou que eles haviam passado mal a noite toda (fruto provavelmente da carne de porco comida no almoço em Tocos do Moji, a única coisa diferente de mim que comeram) e iriam ficar por lá até melhorarem, o que só ocorreria no dia seguinte.
Sem outra alternativa e triste por perder os novos companheiros de jornada, me aprontei e saí pedalando, eram ainda por volta de 6:30, e o céu estava meio escuro e com muita neblina. Cruzei a passarela sob a rodovia Fernão Dias, já muito movimentada, e logo a frente um acidente com um caminhão (que abusam muito da velocidade e esquecem do peso!) e do outro lado já iniciei em uma estrada de terra em meio a chácaras, fazendas e outras propriedades. Dava pra ouvir vários galos cantando, e uma barulheira de pássaros. O Caminho seguiu plano e agradável, com poucas variações de altitude, e logo mais cheguei no Bairro Boa Vista, distrito de Estiva. Na pracinha da povoação virei à esquerda e comecei a descer, passando por um riacho e pegando a estrada a esquerda na bifurcação.
O frio da manhã me fez sair pedalando de calça e blusa, a temperatura estava em torno de 10 graus, e o orvalho congelava na blusa e na calça, formando uma camada branca de gelo, bem fina, na roupa toda, mas sem chegar a molhar.



Cruzando a Fernão Dias (acidente) - Névoa no caminho, no início da serra


Após pedalar um tempo, cheguei na Serra do Caçador, uma das mais difíceis do caminho também, mas por estar fazendo o trajeto cedo, não cansou tanto. A subida demorou cerca de 40 minutos, e a visão do alto da serra era espetacular, com a névoa cobrindo o vale e só os topos dos morros aparecendo. Já no bairro Caçador, no topo da serra, são mais ou menos 5km de pedal, sempre em meio a fazendas de gado leiteiro, extensas plantações de morango, e alguns cafezais. Nesse trajeto também tinham araucárias, devido as temperaturas mais baixas. No início da descida já era possível ver a cidade de Consolação, distante uns 5km. (http://www.consolacao.mg.gov.br/historia-de-consolacao/ )



Calçamento para não derrapar - Alto da Serra

Divisa e Consolação, praça central - Pousada D. Elza (prédio verde)
Chegando na cidade pouco antes das 10 h, fui procurar a pousada da Dona Elza pra poder carimbar a credencial e seguir até Paraisópolis. Por não ter tomado café, estava com muita fome. Chegando em frente a pousada, apertei a campainha umas 10 vezes e chamei, bati palmas, fiz de tudo, mas ninguém atendeu. Voltei a entrada da cidade, na única padaria aberta, um local muitíssimo simples, com uma porta de correr, bem pequeno, onde só tinha pão e lanche frio. Ao menos o atendimento foi excelente! Pedi um misto frio mesmo, e tomei meu café da manhã.
Voltei até a pousada para mais uma rodada de palmas, gritos e campainha, e ainda nada de atenderem. Fui então ao bar em frente e perguntei sobre a Pousada, e por sorte, o atendente disse que se fosse somente para carimbar, ele tinha o carimbo. Feita então a marcação, saí em direção a Paraisópolis.


CONSOLAÇÃO-MG - PARAISÓPOLIS-MG
Distância = 22km
Terreno e dificuldade = Terra, dificuldade média-baixa, relevo plano com pouca subida. Trecho rápido e tranquilo, com belas paisagens, cachoeiras e sombras. 
Tempo de percurso = Aprox. 2:00h - Média de 10km/h

Início do caminho para Paraisópolis, também muito bonito
A saída para Paraisópolis começa por uma descida em uma estrada larga e movimentada, pois ela é a principal via de ligação entre as duas cidades. Após uns 4 quilômetros, o caminho vai por uma estradinha deserta, em meio a grandes árvores. Cruzei um pasto e atravessei um riacho, com uma placa informando que eu deixava o município de Consolação para entrar no de Paraisópolis.

O vale - Cachoeira seguindo o caminho - Bifurcações, onde o caminho é sempre o mais difícil!
O caminho neste trecho é plano com apenas uma subida mais puxada, cruzando o bairro dos Jacintos, o Pedra Branca, que tem uma igrejinha branca, passa entre pastos amplos e largos, com o caminho bem sinalizado, e muito gado pela região, as vezes soltos na estrada, mas sem oferecer perigo. No local mais alto do trecho dá pra ver a cidade de Paraisópolis, ao longe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Parais%C3%B3polis ) No início da descida até lá, passei ao lado do morro do Machadão (1.691 m). Chegando na cidade, começam as propriedades e o calçamento em paralelepípedos ainda no alto. O caminho leva até o centro da cidade, em frente a praça central, onde há a pousada para fazer o carimbo da credencial.

Paraisópolis vista do caminho, na chegada - Igreja Matriz
Deixei a bike na pousada e fui almoçar em um restaurante self service na frente da praça, próximo a pousada. A comida era excelente e o preço mais ainda. Descansei um pouco após o almoço, dei uma volta na praça da cidade e depois continuei o caminho rumo a Luminosa. Ainda era cedo e eu queria chegar logo em Luminosa para descansar o máximo possível antes da subida da serra sem fim.





Tocos do Moji-MG - Estiva-MG


TOCOS DO MOJI-MG - ESTIVA-MG
Distância = 21km
Terreno e dificuldade = Terra, dificuldade média-alta, muitas subidas fortes, duas boas descidas até o vale e até Estiva. Paisagem perfeita, trecho mais bonito, excelentes mirantes para fotos. Bastante sombra e água.
Tempo de percurso = Aprox. 3:30h - Média de 6km/h

Saindo de Tocos, rua calçada - Plantações de Morango (plástico branco sob eles)
Eram 14 horas quando saímos de Tocos do Moji, e após 2km de pedal, começa uma ladeira muito íngreme e longa, até 1323m de altitude. Em seguida, o caminho começa a descer e ficar plano, por pouco tempo, em meio a muitas árvores, até 1200m de altitude. Pode-se observar neste trecho grandes e inúmeras plantações de morango, e também muito gado.


Divisa entre Tocos e Estiva, muitas surpresas a frente...

Algum tempo depois, chegamos ao povoado chamado Fazenda Velha, a 9 km de Tocos, mas pertencente ao município de Estiva.
É um pequeno bairro com 3 igrejas, alguns armazéns e bares, bastante movimentado, devido aos locais onde se separam e encaixotam os morangos que são distribuídos no Brasil inteiro.
Aproveitamos para comprar uma caixa em uma das casas na qual algumas pessoas faziam o serviço. Pra se ter uma idéia, não queriam nem cobrar a caixa, e assim pode-se ver quão sofrido é o agricultor no Brasil, tendo seu trabalho tão pesado tão pouco valorizado.
Creio que uma caixa custasse cerca de R$ 0,30 centavos, mas demos 3 reais por ela. Aqui em SP dificilmente se acha por menos que R$ 3,50 (mais de 1000% em cima dos coitados agricultores e de nós consumidores) ainda mais uma caixa com morangos tão frescos e bonitos! Pessoalmente eu nunca tinha comido um morango melhor que aqueles, e acho que só vou encontrar de novo lá!


Fazenda Velha - Plantações - Vale em Estiva (visão espetacular)

Saindo da vila, mais a frente, após pequena ladeira, avista-se um vale profundo e comprido, talvez a visão mais espetacular do caminho! Mereceu grande parada e pausa para fotos!
Parando de frente ao vale, com o céu limpo, pode-se avistar Pouso Alegre ao fundo, do lado esquerdo!
Olhando para frente, avistamos o caminho por onde subiríamos após longa descida...


Vista do Pantano do Teodoros - Pouso Alegre no fim do vale - O outro lado do vale (subida) - Silhueta

No fundo do vale está o bairro conhecido como Pântano dos Teodoros, com lugares para beber água, distante 8 quilômetros de Estiva.
Saindo de lá, a subida é de 900 mde altitude para 1200m, um dos trechos de maior dificuldade, mas muito prazeroso para se sentir cansaço!


Do alto do morro pode-se avistar a cidade de Estiva ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Estiva_(Minas_Gerais) ), a aprox. 6km de distância. Estiva é conhecida, também, como a “Terra do Morango”, pois é a maior produtora deste fruto em todo o país, situada a 872 m de altitude. O Pico do Carapuça, símbolo marcante da cidade, possui um visual especial de toda a região, sendo local de lazer da comunidade que o visita para acampar.
Merece destaque a igreja matriz, construída em estilo moderno e inovador, com belos e translúcidos vitrais em todo seu entorno. Um serviço de alto-falantes instalado pela paróquia ao redor do templo propaga música sacra o dia todo.
Na cidade, ficamos na pousada do Poka, onde os apartamentos são bons e bem equipados. Fica defronte a praça central, sobre uma padaria chamada Santa Edwiges, onde também se pode jantar.


O vale, do outro lado, ao entardecer, próximo ao destino, Estiva...



4º Dia - Inconfidentes-MG - Borda da Mata-MG - Tocos do Moji-MG


Assista o vídeo em complemento ao quarto dia de jornada, descrito aqui no blog...

 INCONFIDENTES-MG - BORDA DA MATA-MG
Distância = 20km
Terreno e dificuldade = Terra, dificuldade baixa, relevo praticamente plano, bastante sombra e água. A caminhada é feita por uma estrada tranquila com muitas fazendas e belas paisages.
Tempo de percurso = Aprox. 2:00h - Média de 10km/h


Início da estrada para Borda da Mata com o nascer do sol - Fazendas - Chinelo!
Saímos bem cedo da pousada em Inconfidentes, em uma bela manhã de terça feira... estava friozinho, mas suportável para pedalar. Tive que começar o quarto dia de chinelo, pois havia lavado o tênis na tarde anterior, e o mesmo não secou completamente. Coloquei ele amarrado no alforje até Borda da Mata ( http://www.bordadamata.mg.gov.br/ )para secar melhor.
Já saindo da pousada, pegamos uns 2 ou 3 km de asfalto, perigoso pois os caminhões passam em alta velocidade, mas logo a frente já estava a primeira seta indicando a entrada para a estrada a esquerda. Em outras oportunidades eu já havia passado em frente aquela seta, e sabia que um dia iria fazer este caminho! E lá estava eu finalmente!
Entrando na estrada já seguimos cortando fazendas e plantações, com casinhas simples pelo caminho, e os mineiros trabalhando já cedo em suas plantações e afazeres.

Placa da Divisa de Municípios - Placa de Inconfidentes desejando boa viagem

Por possuir belas paisagens este trecho é rápido e prazeroso, e quando menos esperamos, já cruzamos a placa de divisa de municípios, entrando em Borda da Mata, e faltando 8km para a cidade.
Trechos do trajeto Inconfidentes - Borda da Mata
Chegando na cidade, fomos em direção a pousada para carimbar a credencial. Bem próximo, no mesmo quarteirão, fica uma padaria muito boa, que tem uma broa de milho excelente, e um pão de queijo muito bom! Chama-se padaria PRIMOR. Tomamos café e comemos ali, e descobri que os proprietários eram de Santa Bárbara d"Oeste, e largaram a vida lá para cuidar da padaria em Borda da Mata, já há muitos anos, função que faziam muito bem.

Trechos do caminho na chegada a Borda - Padaria onde tomamos cafe - Igreja matriz
Antes de sair para pedalar novamente, chequei o tênis, e como estava mais seco, resolvi colocar o mesmo, trocando com o chinelo, que escorregava demais. Pedalar de tênis é a melhor opção mesmo, pois se fosse sapatilha e estivesse molhada, ou tinha que usar ela molhada mesmo ou ficaria difícil pedalar!
Saindo da cidade, paramos em uma bicicletaria que o casal indicou, bem simples, mas muito boa. Reclamei da folga no jogo de direção, e o dono identificou na hora o problema, sendo necessário aplicar um espaçador sob a mesa, pois já estava no fim do curso da rosca do parafuso central. Cobrou R$ 5 pelo espaçador e zero pela mão de obra! Agradeci, e o serviço ficou excelente! Não soltou mais e está na bike até hoje!


BORDA DA MATA-MG - TOCOS DO MOJI-MG
Distância = 18km
Terreno e dificuldade = Terra, dificuldade média-alta, relevo íngreme na subida do morro, pouca sombra e água.
Tempo de percurso = Aprox. 2:30h - Média de 7km/h

Saindo de Borda da Mata o tempo já estava aberto e o clima bem ameno, condições ideais para pedalar. O trecho que liga Borda da Mata a Tocos do Moji é tranquilo em sua maioria, exceto por uma dura subida de aproximadamente 1:30 empurrando a bike, na terra, e com algumas pedras soltas.
Saída de Borda da Mata - Primeiros morros e início da subida
Como dizia o Paulo, do casal que estava pedalando comigo, era naquela subida que "separavam os homens dos meninos!". Isso ficou mais claro quando chegamos ao topo, onde está a placa com a divisa de municípios e bem ao lado existe um banco coberto para descanso dos peregrinos, sinal que a subida é realmente dura.
No alto do morro, antes da descida para Tocos do Moji
A vista do alto do morro é muito bonita, pode se observar todo o vale e parte do caminho pelo qual passamos. Ideal pra boas fotos e um descanso rápido antes da descida. É uma pena termos encontrado lixo no alto do morro (papeis, garrafas, embalagens) aparentemente usados por peregrinos que simplesmente jogaram no chão após consumo.

Divisa de Municípios no alto do morro
Após cruzar a placa da divisa, começa um trecho de descida e mais plano, passando ainda por fazendas e proporcionando bela visão. A felicidade aumenta, pois passamos da metade do caminho, e até as placas incentivam a continuação e a chegada!
Rapidamente chegamos em Tocos do Moji, onde fomos até a pousada para carimbar a credencial.
Tocos do Moji é um dos últimos municípios emnacipados do Brasil, tendo apenas 17 anos completos em  2012 ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Tocos_do_Moji ) Mesmo assim é um grande destaque em Minas Gerais, muito organizado e bem panejado, ruas calçadas, asfalto constantemente em expansão, bem como a população. Possui várias atrações naturais, cachoeiras, e belas vistas, vivendo da agropecuária, com destaque para os morangos.
Metade do caminho concluída - Pousada para carimbo da credencial
Voltamos para a rua que descemos que vai até o centro, onde existe um restaurante excelente, da dona Gilda, tipo coma a vontade. Após uma boa refeição, descansamos, reabastecemos as garrafas e partimos para Estiva, o trecho do caminho que prometia muito, e o mais belo segundo o casal (e segundo eu também, após conhecer o caminho todo).
Centro de Tocos do Moji, com Wi Fi livre